Depois compartilharemos os resultados.
ARTIGO
As normas sociais e culturais ajudaram a atribuir diferentes papéis e responsabilidades a homens e mulheres. Enquanto tradicionalmente, tanto no Ocidente como nos países em desenvolvimento, o funcionamento do lar, o cuidado diário das crianças, de doentes e idosos são tarefas femininas, os homens costumam ter um trabalho fora da casa. Também vemos que, especialmente nos países em desenvolvimento, as mulheres se encarregam da produção agrícola e de efetuar alguma atividade geradora de renda no setor informal. Nas últimas décadas tornou-se fez evidente que as mulheres desempenham um papel importante no uso e manejo dos recursos naturais. Em geral, elas são responsáveis pela provisão de água e biomassa energética para o lar. Parece lógico que também sejam mais afetadas pelas mudanças na disponibilidade e qualidade dos recursos naturais. Se não houver água potável ou combustível disponível perto de casa, você tem que caminhar longas distâncias —com freqüência com cargas pesados sobre terrenos irregulares—. Se houver menos comida disponível, elas são sempre as últimas em comer, ficará menos comida disponível para você. Com frequência, a má saúde das mulheres também é colocada sob maior pressão. Esta interface entre o meio ambiente (eco-esfera) e a sociedade humana (meio social), onde ocorrem as relações de gênero, torna-se mais evidente se ocorrer a mudança climática. Afinal de contas, a produção agrícola se encontra sob pressão, a água potável e (biomassa) a energia são mais escassas, o calor e as doenças vão aumentando, e os desastres climáticos tornam-se mais frequentes. A carga e o estresse nas mulheres são mais pesados, e suas oportunidades de receber capacitação ou educação é cada vez menor. Além disso, também há um aumento da violência. Um estudo muito discutido, elaborado pela London School of Economics e outros (Neumayer / Plümper, 2007), indica que em 141 desastres naturais no período compreendido entre 1981 e 2002, a probabilidade de morte foi significativamente maior para homens. Quanto mais forte o desastre, maior foi a diferença. E quanto maior for a disparidade de gênero, maior é o impacto diferenciado por gênero. Os autores concluíram que as vulnerabilidades específicas de gênero, socialmente construídas, são as principais causas. Assim mesmo, nessas circunstâncias, a mulher não é simplesmente uma vítima. Em quase todas as situações das quais participei ou estudei, vi como as mulheres se reúnem e se organizam. É claramente visível que são ativistas e líderes na luta contra a mudança climática, a gestão de desastres e a reconstrução. Também participam ativamente do restabelecimento de sua sociedade. Há inúmeros exemplos, nos quais as mulheres participam ativamente na proteção do clima e na adaptação às condições climáticas mutáveis. Outra consideração importante é o grau em que as mulheres e os homens contribuem de maneira diferenciada à mudança climática. Vários estudos europeus recentes sugerem que o comportamento dos homens contribui ao aquecimento global. O estudo realizado por Gerd Johnsson-Latham (2007) da Suécia mostra que as mulheres seguem um estilo de vida mais sustentável, causando um impacto ambiental menor. Neste caso também, os papéis socialmente construídos constituem um fator importante. | ||
Autor: Irene Dankelman Fonte: Mirada Global |
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